Crítica 'A garota que matou seus pais': um crime por paixão ou simplesmente um motivo subjacente?

Por Hrvoje Milakovic /30 de setembro de 202130 de setembro de 2021

'The Girl Who Killed Her Parents' é um thriller policial brasileiro baseado nos horríveis assassinatos de Manfred Albert von Richthofen e Marisio von Richthofen, executados pela própria filha do casal, Suzanne, em conjunto com seu namorado Daniel Cravinhos e seu irmão Christian. O filme tem duração de 80 minutos e é dirigido por Mauricio Eca a partir de roteiro de Ilana Casoy e Raphael Montes. Carla Diaz lidera o elenco, que também inclui Leonardo Bittencourt e Augusto Madeira, entre muitos outros.





Apesar de 'The Girl Who Killed Her Parents' ser baseado em fatos reais da vida e o filme levar em consideração muitos aspectos do que realmente aconteceu em um caso que abalou todo o Brasil, não é um documentário. É mais como o incidente de Jennifer Pan no Canadá. A cena de abertura remonta à noite fatídica em que os eventos horríveis ocorreram, desvia para os julgamentos judiciais e depois reverte para vários flashbacks. Essa técnica de contar histórias é usada para dar perspectiva e direção aos espectadores que não estão familiarizados com a infeliz incidência e lançar alguma luz sobre os vários relacionamentos envolvidos e como eles destruíram inúmeras vidas e meios de subsistência.

Aprofundando-se no enredo, que envolve duas famílias completamente diferentes unidas pelo amor, esse recurso expõe os problemas da sociedade quando se trata de associações entre pessoas de diferentes classes. Os Cravinhos são uma família bastante rica, enquanto os Richthofen são de classe média. Quando as duas famílias se encontram pela primeira vez, há reservas muito visíveis. Os pais de Daniel são mais receptivos, enquanto os de Suzane não sentem o mesmo em relação ao romance entre os dois jovens. Além dos poucos problemas familiares aqui e ali, os dois se dão muito bem.



Nada é preto e branco neste título, pois há diferentes perspectivas para a história e o que pode ter sido o catalisador da ação hedionda. A história é contada por pingue-pongue entre flashbacks e os julgamentos, o que dá ao espectador uma visão interessante de um relacionamento que toda pessoa que assiste sabe que em breve tomará o rumo errado.

A maior parte deste título é baseada no testemunho do namorado. Seja uma perspectiva objetiva ou não, ela revela claramente a toxicidade que habitava a casa de Suzane. A maioria das pessoas que não está de acordo com sua família imediata simplesmente se mudaria quando atingir a idade legal ou simplesmente buscaria a emancipação em vez de assassinar todo o clã. No entanto, à medida que a história se desenrola sem problemas, o público espera com a respiração suspensa para finalmente saber o que foi aquela dor que martelou o último prego no caixão. Os espectadores percebem que essa ação extremamente condenada foi causada por uma mistura de outras coisas que a filha não aguentava mais. Infelizmente, porém, os espectadores nunca descobrem exatamente o que são essas coisas.



É um pouco chato, porém, que o público não tenha a chance de conhecer Suzanne e saber o que ela passou. Ela assassinou seus pais; portanto, a trama teria se beneficiado mais se focasse mais em seus problemas e nos desafios e dificuldades que ela passou na vida. Matar os pais não é tarefa fácil ou uma decisão que surge do nada; daí esse aspecto teria criado alguma conexão entre o público e Suzane na tentativa de entendê-la mais. Sim, muito foco é colocado em seu relacionamento com David. No entanto, isso não resolve o problema fundamental que deu origem ao julgamento.

A trilha sonora deste filme é feita de hard rock, e a forma como foi colocada no filme não é nada atraente. A música deve criar e aprimorar os vários humores em várias cenas sob diferentes circunstâncias. Destina-se a aumentar a intensidade; no entanto, em 'The Girl Who Killed Her Parents', a música de fundo é desnecessariamente alta, o que se torna irritante e irritável em algum momento.



É confuso dizer se as performances foram boas ou ruins. Pegue a personagem principal Suzane interpretada por Carla Diaz, por exemplo. Sua entrega faz a personagem de Suzane parecer uma viciada em drogas psicótica. A narrativa não ajuda a expor quem ou por que ela é do jeito que é, mas mostra como ela usou o namorado e o irmão dele.

Os processos judiciais, na realidade, podem ser muito excruciantes e tediosos, e os filmes podem apimentar adicionando os aspectos da produção cinematográfica em comparação com os processos da vida real. No entanto, as cenas do tribunal neste thriller são igualmente maçantes. Há tantas idas e vindas que se tornam visualmente e mentalmente desgastantes. Há também longas durações em que nada notável acontece. Olhando para as lacunas e a falta de carne no enredo, o público fica com mais perguntas do que respostas. Talvez tivesse funcionado melhor se os cineastas tivessem feito do filme um documentário ou simplesmente feito as seções do tribunal fluíssem de forma linear.

Não há dúvida de que Carla Diaz é uma grande atriz; no entanto, essa qualidade não é retratada neste filme. Isso pode ter principalmente o roteiro e a direção para culpar, pois suas performances parecem forçadas. Alguns são significativamente exagerados, enquanto outros se sentem bastante inadequados, e há aqueles que são bons. Não se pode deixar de sentir que um talento valioso foi desperdiçado ao fazer este filme. Se apenas a história tivesse explicado o que os demônios caçam Suzane, então se entenderia o modo bipolar de atuação de Diaz neste filme. Leonardo Bittencourt, por outro lado, como David estava bem, mas nada digno de prêmio.

‘A Garota que Matou Seus Pais’ é apenas um filme bom. Termina abruptamente sem aviso, deixando o público em suspense. Considerando o tema central deste filme, teria sido melhor ampliar mais as vidas individuais dos envolvidos em vez de dar uma lembrança de seus relacionamentos. Isso pode ter deixado um efeito intrigante sobre o público. Caso contrário, é um daqueles títulos que você assiste uma vez e esquece que eles existiram.

‘The Girl Who Killed Her Parents’ está disponível para transmissão no Amazon Prime Video.

PONTUAÇÃO: 4/10

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